xassbit comunica:
admitindo que um número é algo mais além que um simples número, que um 23 é algo mais além que a(s) palavras "vinte e três", podemos tentar avaliar o poder das palavras versus o poder dos números. e qual é realmente esse poder?
claro que os números não são nada em concreto, [para muita gente,] se não fossem as palavras. quero com isto dizer, se eu falar num "barril", a maioria das pessoas pertencentes a esta civilização estarão informadas sobre o que será tal objecto, e as mais ousadas até tentam (e conseguem, sem muito esforço), imaginar um. mas se eu falar em "mil cento e treze", poucas pessoas ficarão confundidas acerca do que é que eu estarei a falar, muitas necessitarão de uma unidade conhecida a seguir ao numeral que eu referir e outras nem sequer pensarão que um número é algo tão abstractamente concreto que nem elas próprias conseguem pensar nele. Outras mais pensarão que eu não me enquadro bem no ideal de Humano, e que deveria voltar para casa e esconder-me debaixo de um tapete.
fazendo a vontade ao primeiro grupo de pessoas, irei analisar neste parágrafo, o poder dos números com unidades à frente. e este é, sem dúvida, um poder absolutamente destrutivo, bastante mais destrutivo do que qualquer palavra (desculpem tantas referências a destruição, mas acontece que, no momento em que escrevo esta reflexão, oiço moonspell, uma banda que eu tenho em mais alta consideração e idolatração). primeiramente, a potente esmagadora maioria, ou mesmo todas as palavras podem ser acompanhadas por números. e se, num tribunal, uma pessoa que nós temos bastante confiança quanto ao modo de se apresentar, falar, enfim... , chamar à pessoa no outro extremo do processo em julgamento, ou até, à pessoa que esteja no outro extremo da sala, "inqualificável besta", além desta pessoa estar em negação, pois ser uma besta é, nitidamente, uma qualidade, o indivíduo que profere tais palavras também não poderá esperar que as ditas firam assim tão gravemente o coração de quem as ouviu. se adicionar-mos o numeral mais singular, a própria unidade, à expressão, as palavras daí resultantes também não irão afectar assim tanto o receptor da mensagem.
- "você é uma besta inqualificável."
- "e depois?"
sim, porque de poeta e de louco, de pai e de professor, de caixa de supermercado e de gerente de restaurante todos temos um pouco. e assim é com a besta inqualificável que temos dentro de nós, que poderá ser bastante grande na sua bestealidade, mas irá ter que ficar restrita à sua inqualificação... agora vejamos o poder dos números. sem dizer muito mais, irei adicionar ao pseudo-insulto um número demolidor, associado à palavra-chave desta conversa ( alterar a frase de modo a que ela faça sentido, como não deveria deixar de ser):
- "você tem 666 bestas inqualificáveis dentro de si."
...
[pausa para meditação/reflexão mais aprofundada]
...
viram? viram o poder, diria até que destruidor do ego do receptor da mensagem, que a adição de um número significativamente alto tem numa conversa. chegados a este ponto, alguns leitores pensarão que o facto de colocarmos um número positivo diferente da unidade não altera o teor da conversa e outros pensarão que, realmente, os números realmente poderão ter algum poder que irão experimentar da próxima vez que insultarem alguém. outros ainda estão à procura da minha morada, para me enviarem um tapete pelo correio.
Para o primeiro grupo de pessoas digo apenas que estamos a falar em termos teóricos, e se há teorias que parecem mais animadoras que a prática, a esta acontece exactamente o contrário. o mesmo acontece a algumas anedotas secas. para mais provas (reais) do poder dos números:
- quantos anos tens?
- oito
- que bonitinho, oito aninhos!
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versus
-ah... desculpa, temos pena